quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O amor venceu o ódio

É final de pleito presidencial, muitas discussões, muitos xingamentos, emoções afloradas de formas erradas. Ouço na rua um jovem gritar " Volta militares", a senhora que varre a calçada de sua casa do outro lado da rua balança a cabeça e não acredita no que acabara de ouvir. Ela então acena delicadamente para que eu atravessasse e fosse ao encontro dela. Quando cheguei bem próximo da calçada ela diz: 

"Eu sei que você vota na presidenta, tem como você ir ali naquele garoto explicar que militarismo machuca?"

A minha única reação foi dar um sorriso constrangido e afirmar a ela que aquele garoto sofria de algum devaneio. O problema é que eu sabia que ele não era o único a gritar aquele tipo de coisa.

Voltei para dentro da minha casa e entrei na internet, fui pesquisar videos de simpatizantes do candidato azul e me arrependo até hoje de ter feito aquilo. Meu estomago embrulhou, fiquei zonzo com tamanho ódio das coisas que ouvia e assistia na tela do meu computador. Queimavam bandeiras vermelhas, ameaçavam pessoas, xingavam de todas as formas a mulher que conduzia o país, era uma verdadeira selvageria. Teve uma mulher que disse que se o candidato azul não ganhasse que o militares fizessem algo em nome da ordem e da família, isso quase me fez chorar. Afinal de contas isso lembra aquela marcha que apoiou os militares na tomada do poder na década de 1960 e que demorou 20 anos para que eles deixassem o povo decidir seus rumos. 

Não dormi nada bem aquela noite, nas redes sociais um verdadeiro show de horror. Mentiras, xenofobia, racismo, homofobia e tudo que o ódio poderia mostrar foi posto ali abertamente, muitas mascaras caíram, pessoas se mostravam a todo tempo o que elas realmente eram. Por um lado foi bom, tirar estas pessoas de nossos caminhos da uma leveza maior na alma, na mente e no coração. Por outro lado dói e dói muito em saber que nosso país pode se tornar refém de pensamentos obscuros, voltados apenas para seus interesses privados onde o egoísmo social derruba a tese de que o o povo brasileiro é um povo solidário.

 Depois daquele domingo crucial eu fui para ruas com minha bandeira vermelha, me juntei a outras milhares de bandeiras vermelhas, algumas lágrimas de alívio misturadas com cansaço rolaram pelo meu rosto. Ouvi pessoas, emocionadas gritando:



                                                   
                                                                               "O AMOR VENCEU  O ÓDIO!"

Quando voltei desta festa e fechei a porta do meu quarto, respirei fundo e aliviado sussurrei:


- " Obrigado povo brasileiro."



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