No
momento que o país se concentra na discussão do casamento entre pessoas
do mesmo gênero, vemos a população se manifestar de várias formas.
Manifestações contra a intolerância tomam conta dos principais centros
urbanos do Brasil.
O
estopim de tudo isso foi a escolha do pastor e deputado federal Marcos
Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da
Câmara dos Deputados, o parlamentar é acusado de racismo e homofobia
nas redes sociais, além de discursos ofensivos em cultos dentro de suas
igrejas.
Os
protestos não partem apenas de cidadãos comuns, mas políticos e
importantes figuras da classe artística arranjaram uma forma de
protestar contra os discursos de intolerância que estão sendo empregados
por uma parcela da sociedade brasileira.
Aqui
em Brasília ativistas do movimento LGBT e do movimento negro se unem em
protestos a permanência de Marcos Feliciano como presidente da Comissão
de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, responsável por discutir
politicas para as minorias, a pressão sobre o pastor é cada dia maior e
lideranças dentro do Congresso já querem sua saída.
O Brasília TonKo entrevista o ativista e um dos entusiasta dos protestos dentro da Câmara dos Deputados, Marcus Berg. Carioca de nascimento mas há 13 anos em Brasília, Berg está com 35 anos e releva:
" Vejo na politica a chance de fazer valer as vontades, direitos e dignidade das pessoas que dividem comigo esse país. Quero poder fazer muita coisa por nós (...) ".
Marcus ajuda a organizar os protestos, conversas com parlamentares e é incisivo na busca de tolerância e igualdade entre os gêneros.
Leia agora, sem censura, a reprodução da entrevista:
B.T: A principal pauta de discussão no país hoje é a união estável entre homossexuais, qual sua opinião sobre o tema?
Marcus Berg: Eu
vim de uma geração que não podia segurar a mão do namorado em público
sem ser agredido pela policia ou pela população. Eu acredito que com o
casamento igualitário os jovens possam crescer com dignidade, sem estar sujeito a prostituição, maus tratos, diferenças. Certos de que em sua fase adulta, terão a chance de constituir suas famílias de forma digna.
B.T: Você
é um ativista dos protestos contra a permanência do deputado federal
Marcos Feliciano a frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos
Deputados, o que te motivou a participar das manifestações dentro do
Congresso Nacional?
Marcus Berg: Ainda
que não fosse gay, como não sou negro, nem mulher, nem deficiente e
afins, entendo que alguém que defenda os interesses de um grupo
no âmbito nacional tenha, no minimo, que ser sensível a causa. Não é o caso do Dep. Pastor Marco Feliciano, o próprio já justificou de todas as formas que não é o melhor representante dos Direitos Humanos embora talvez represente publicamente seus 212 mil eleitores enganados.
B.T: Acredita que estas manifestações estejam conseguindo o resultado esperado?
Marcus Berg: Acredito que está fazendo com
que o povo questione suas lideranças, suas crenças, seus apelos, seus
conceitos, pré conceitos formados, sua natureza e isso sem duvida já é um ganho enorme.
B.T: Na sua opinião quem é a maior liderança da causa gay no Brasil atualmente? O que destaca desta pessoa?
Marcus Berg: Poderia
dizer do Jean Wyllys, da Marta Suplicy, da Erika Kokay, da Daniela
Mercury. Não acho que exista de fato um personagem só. Todos temos a
mesma força com impactos diferentes, quanto mais se elege um, menos
argumentos e experiencias são tratadas. Acho que todos estamos fazendo
um trabalho de conscientização exemplar, com paz, tranquilidade,
conquistas.
B.T: A homofobia no Brasil está diminuindo? Como você vê o atual cenário da sociedade gay no país?
Marcus Berg: Não acredito nessa fobia, acredito na falta de informação. Não acho, por exemplo, que alguém saia
correndo da sala ou de uma surra no primo gay que chegou pra ceia de
Natal, entende? Ainda tem muito a ser feito, assim como foi com os
negros, mas sem duvida já demos muitos passos importantes em direção a uma convivência melhor.
B.T: Para concluirmos, quais são suas projeções para as discussões sobre o tema?
Marcus Berg: Os questionamentos já foram
feitos, lançamos a semente. Espero que germine e tenham bons frutos.
Não acho que o futuro seja mais ou menos importante que o presente mas é
agora que podemos fazer algo sobre o amanha, então que seja feito!